
É possível que a tensão que rolou entre as Coreias no primeiro semestre desse ano tenha influenciado a editora Zabaratana a reimprimir “Pyongyang”, do canadense Guy Delisle.
O livro que narra a viagem do animador à capital da Coreia do Norte voltou às livrarias num momento bastante oportuno.
A Coreia do Norte é um país excêntrico, paupérrimo. O país que mais recebe ajuda humanitária no mundo. É governado por uma dinastia. O regime comunista usa a propaganda e uma série de privações das liberdades individuais para manter-se no poder.
É um país cheio de fortes contradições, com uma organização social bem específica em que militares e membros do Partido têm algumas regalias enquanto a massa da população morre de fome, literalmente.
A história começa com Guy tendo suas malas revistadas ao chegar ao aeroporto da cidade. A missão aqui é trabalhar supervisionando a finalização de um desenho animado francês, mais barato de ser produzido na Ásia, mais ou menos no esquema d’Os Simpsons. Logo nos primeiros quadrinhos somos apresentados a alguns dos costumes e pensamentos que norteiam a Coreia do Norte, com o perdão do trocadilho.
Bem engraçadinho, o livro diverte ao mesmo tempo em que traz dados e diversas informações sobre o país. A ironia está sempre presente aqui, porque só com muita ironia pra alguém nascido em uma sociedade democrática conseguir viver, mesmo que por um tempo, com uma série de restrições e controle.
Pra quem gosta de quadrinhos e pra quem se interessa por geopolítica internacional esse o livro é um prato cheio. E ainda dá uma puta vontade de ler 1984. Quem ler vai entender o porquê.
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