
Colm Tóibin em um dos seus melhores momentos.
Quando eu trabalhava na Livraria da Folha saía encadernado com o jornal um guiazinho com diversos livros sobre assuntos variados. “História da Noite” era um desses, que sempre era publicado na seção GLS. Logo, esse tava na nossa lista do queremos desde 2010.
Comprei ele em agosto e foi uma das leituras no começo do mês passado. É do Colm Tóibín. Já falamos dele no post sobre “Mães e Filhos”. O livro conta a história de um sujeito normal e pacato que não gosta muito da sua vida e do seu emprego.
De família britânica e órfão, Richard Garay vive sua homossexualidade em meio à ditadura na Argentina, onde nasceu. A trama se divide em 3 partes. A primeira e a terceira são as mais legais. A segunda eu achei meio arrastado, e é quando o livro fica meio burocrático de tão burocráticos que são os assuntos com os quais o personagem se mete.
Só que Colm Tóibín consegue construir uma história envolvente e excitante. Muitas passagens me deixaram de pau duro, confesso. Foi tenso ler esse livro no ônibus e no metrô. A primeira parte aborda as primeiras lembranças do protagonista-narrador. A segunda mostra sua ruptura com a vida passada, o envolvimento com um casal de funcionários do governo norte-americano que estão aqui para acompanhar o processo democrático e fazer negócios sobre a privatização do petróleo.
A terceira e última parte gira em torno de sua relação com Pablo, o homem que vem para mudar a vida sentimental de Richard. “História da noite” é um romance belíssimo. Fala como é se descobrir gay, sobre os códigos de comportamentos em certos inferninhos e saunas e fala também de amor. De viver uma relação estável e amigável, uma relação com companheirismo. E do abandono e da solidão, da cena gay em São Francisco. Dessa coisa humana de nunca estar satisfeito com o que se tem e de querer sempre mais e também dessa coisa de às vezes se acomodar. O final me deixou beeeeeem passado e um pouco triste até.
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